A mesa no Santa Fé comentada aí embaixo, em nosso post inaugural, começou com as princesas no carnaval. Eu verbalizei para as meninas meu desconforto com a quantidade de balzaquianas – nítidas balzaquianas, vejam bem – que se vestiam de Branca de Neve e de Sininho nos blocos de rua do Rio de Janeiro.
Ok, ok, quem tem vocação para Hermano Vianna e Roberto Da Matta não precisa explicar a antropologia e a história da folia. Tô sabendo que o carnaval é a festa de inversão, em que homens viram mulher, mendigos podem ser reis e o ricaço da Vieira Souto veste as sandálias havaianas da humildade. Mas… pera lá: Branca de Neve?
Nossa princesa, envenenada por sua própria beleza, punida por sua feminilidade, a maçã de Eva entalada na garganta, estava teoricamente mortinha da Silva quando o príncipe a encontra num caixão de cristal, no meio do bosque, observada em seu velório pelos 7 anões arrasados e pelos bichinhos da floresta, seus coadjuvantes no número musical da Disney… “Someday my prince will come”. Branca de Neve não faz nadica de nada para a chegada deste príncipe. Quando ele finalmente a encontra, ela está inerte. Nunca é demais lembrar: ele não sabe da maçã. Portanto, beija uma morta, dentro do caixão, e não sua futura esposa.
Então, minha gente, qual é a mensagem que estas balzacas da folia estão mandando ao virar Branca de Neve? Prefiro deixar a bola com vocês, mas digo que Branca de Neve, para mim, é a submissão total.